29 de mai. de 2017

Utensílios de Resiliência e Flutuabilidade, Selo Editorial Poesia Primata, 2017, no prelo

implodir um quarteirão inteiro com todos os bujões de gás
                                              que domestiquei no cérebro
tento deixar minhas sensações e articulações musculares
dentro do hangar de um dirigível
no estômago de uma libélula
diluídos e dinamizados na potência infinita da homeopatia
os neurônios os neurônios
meninas marginais que atravessam de boné, em sentido contrário,
                                                                                       a procissão
                                                                                         e o velório
em estado ininterrupto divergente
locomove-se por topografias e geografias nada dóceis
vértice sinuosidade
fluido como uma tubulação hidráulica que estoura
deita no chão suando bastante e olha o céu por horas
depois da aplicação de um fármaco natural
em estado de rua
não aquela rua como via de passagem
mas de convivência possibilidades território de persistências
corpo empapuçado de radioatividades e elétrons lilases
arquitetura muscular
que não se aflige com desbarrancamento
deixa contaminar-se
entra em ebulição e purgação constantemente
depois de enrijecidos os ossos das mãos e das pernas
pôde transitar com mais fluidez ainda
por alvenarias e trajetos nada maleáveis
tinha noção que, se não gritasse, faria parte dos gonçalves dias
                                                         e das marias da conceição
                     agonizando nesses naufrágios e nessas fogueiras
tratou de desmamar seu anhangá seu ogun seus asteroides e suas magias  

                                                                                 urgentemente.