17 de jan. de 2017

Mais um poema inédito + desenho da Barbara


homeopata dinamizando trauma com arnica.
faquireza enfrentando este confinamento que é a rotina.
como galhos de manjericão sendo macerados pelas mãos do mundo.

estar entre a permanência e os acontecimentos de água.
ou um satélite subúrbio, sucata espacial em órbita por aí.

nos dias de hoje não basta apenas estar vivo
é preciso
ombros rígidos
ginasta de argolas
babuíno na selva de tungstênio.

já que
todo sistema nervoso coube dentro
de uma instalação da Jana Sterback,
de um poema da Stela do Patrocínio,
de uma caixa de barbitúricos da Alejandra Pizarnik.

os grafites e escrituras rupestres nas
paredes dos órgãos respiratórios demonstram que
estamos entusiasmados e, ainda, em estado de condutibilidade.

como uma gata, andamos
por entre os cacos de vidro sobre o muro
percebendo que o apego pela transposição
é o mesmo apego pelas rachaduras e fissuras
de onde deságuam luminosidades.

bioarquitetura de ossos, insistências e inquietações
que não se acanha com abalos e tremores de placas tectônicas.

como uma amiga que se defende de um assédio 
com a faca
de um açougueiro na mão e um poema na outra.